A atividade artesanal é datada do período neolítico (6.000 a.c). O ato de polir pedras, a criação de utensílios para armazenar alimentos ou a pintura em paredes pode ser considerada as primeiras manifestações artesanais e culturais (CHITI, 2003). Desta forma, compreende-se que o artesanato tem sua origem com a história da humanidade, sendo as primeiras formas de representação do homem de modo a superar as adversidades de seu meio.
No dicionário Aurélio: o verbete artesanato, possui a seguinte definição: artesanato vem de artesão e significa a técnica, a arte do artesão; o produto do trabalho do artesão; o conjunto de objetos feitos artesanalmente; local onde se prática ou se ensina o artesanato. Neste assunto são vários os pesquisadores que se dedicam a pensar direto ou indiretamente sobre as particularidades do artesanato, como referência, adotou-se as contribuições de Heliana Marinho3, Stuart Hall4, Peter Drucker5 e Eduardo Barroso6 como facilitadores na compreensão do presente estudo. Mas não só pesquisadores são interessados na área de artesanato, identifica-se, que o governo também investe por razões estratégicas. Pois a atividade além de ser importante para o desenvolvimento cultural do território é economicamente interessante para um país, porque, gera renda, divulga sua cultura, estimula a consciência sobre a preservação do meio ambiente e ainda proporciona a inclusão social através do trabalho. A fim de subsidiar o Sistema de Informações Cadastrais do Artesanato Brasileiro, foi publicado no Diário da União pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior em outubro de 2010, os aspectos legais, que caracterizam o artesanato da seguinte forma:
ART 4°- ARTESANATO – artesanato compreende toda produção resultante da transformação de matérias-primas, com predominância manual, por indivíduo que detenha o domínio integral de uma ou mais técnicas, aliando criatividade, habilidade e valor cultural (possui valor simbólico e identidade cultural), podendo no processo de sua atividade ocorrer o auxílio limitado de máquinas, ferramentas, artefatos e utensílios. Seção 1° Não é ARTESANATO:
I- Trabalho realizado a partir de simples montagem, com peças industrializadas e/ou produzidas por outras pessoas;
II- Lapidação de pedras preciosas;
III- Fabricação de sabonetes, perfumaria e sais de banho, com exceção daqueles produzidos com essências extraídas de folhas, flores, raízes, frutos e flora nacional;
II- Lapidação de pedras preciosas;
III- Fabricação de sabonetes, perfumaria e sais de banho, com exceção daqueles produzidos com essências extraídas de folhas, flores, raízes, frutos e flora nacional;
III- Fabricação de sabonetes, perfumaria e sais de banho, com exceção daqueles produzidos com essências extraídas de folhas, flores, raízes, frutos e flora nacional;
IV- Habilidades apreendidas através de revistas, livros e programas de TV, dentre outros, sem identidade cultural;
Seção 2 ° No artesanato, mesmo que as obras sejam criadas com instrumentos e máquinas, a destreza manual do homem é que dará ao objeto uma característica própria e criativa, refletindo a personalidade do artesão e a relação deste, com o contexto sociocultural do qual emerge. [...] (DIÁRIO, 2010, p.100). Segundo Stuart Hall no livro Da diáspora:
IV- Habilidades apreendidas através de revistas, livros e programas de TV, dentre outros, sem identidade cultural;
Seção 2 ° No artesanato, mesmo que as obras sejam criadas com instrumentos e máquinas, a destreza manual do homem é que dará ao objeto uma característica própria e criativa, refletindo a personalidade do artesão e a relação deste, com o contexto sociocultural do qual emerge. [...] (DIÁRIO, 2010, p.100). Segundo Stuart Hall no livro Da diáspora:
O produto artesanal tem em sua essência uma criação pautada pelo trabalho individual, hábil e criativo, que retoma não só o tecnicismo empregado pelos ancestrais como também valores enraizados nas relações interpessoais. O que o torna diferente, fascinante para o "olhar" de mercado, adestrado às inúmeras necessidades e desejos de seus consumidores. E esta "fascinação com a diferença" possibilita uma articulação entre o global e local, em detrimento de uma rigidez sobre o comportamento das identidades locais. O que não pressupõe a destruição das mesmas, mas uma rearticulação quanto à sua forma de estar e se fazer presente no mundo, gerando "novas identificações globais e novas identificações locais (HALL, 2001, p.78).
Esta reflexão de Stuart Hall também se articula ao pensamento de Peter Drucker quando menciona que: "O equilíbrio de uma sociedade está em sua capacidade de compatibilizar tradição com modernidade, passado com futuro" (DRUCKER, s.d). Há exemplo do Japão, que apesar de seu significativo progresso em pesquisas e tecnologia, os japoneses preservam práticas, costumes, rituais e valores tradicionais, utilizando-se de diversificados artefatos cujo valor simbólico é maior que a função. Desta maneira o passado serve de referência para o presente, ou seja, estabelecendo o equílibrio da sociedade como Peter Drucker menciona em sua frase. Segundo Heliana Marinho para conceituar o artesanato é: [...] preciso aprofundar na história da humanidade e fazer uma releitura da história, que determinou culturas; dos medos, que impulsionaram mudanças; das estratégias de sobrevivência; dos desafios de aprendizagem; das formas de dominação e divisão do trabalho; e, por último, dos artifícios para o desenho e a construção do próprio tempo. Pois, são elementos que compõe a produção artesanal. Já de acordo com Eduardo Barroso: o artesanato é o produto de maior valor agregado, onde a habilidade, destreza e capacidade sejam traduzidas em peças únicas, impossíveis de serem reproduzidas pelos meios de massa de produção e que contem uma história. No entanto, essas conceituações e interpretações a cerca do que é o artesanato, torna possível compreender suas particularidades e o seu potencial enquanto meio de expressão para diferenciadas circunstâncias sociais. Seja ela na determinação de contornos simbólicos ou mesmo em desenvolvimento territorial sustentável.
3 Heliana Marinho é consultora do SEBRAE do Rio de Janeiro e gerente de desenvolvimento da Economia Criativa.. 4 Stuart Hall é um teórico jamaicano que estuda principalmente questões de hegemonia e questões culturais. 5 Peter Drucker filósofo e economista de origem austríaca, considerado como o pai da administração moderna, sendo o mais reconhecido dos pensadores do fenomeno dos efeitos da Globalização na economia em geral e em particular nas organizações. 6 Eduardo Barroso possui sua formação em design e iniciou o movimento do design social no Brasil na década de 80 participando na formação do Programa de Artesanato do SEBRAE e também prestando consultoria ao CNPQ sobre questões relacionadas a área de artesanato.
Fonte
BITTAR, Wanessa Dose, O artesanato e suas contribuições para a idenpendência simbólica e para o desenvolvimento sustentável a partir do meio de Folkcomuicação, XIV Conferência Brasileira de Folkcomunicação- "O Artesanato como processo Comunicacional", Juiz de Fora- MG.
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