domingo, 22 de julho de 2012

AS ORIGENS DA ARTE POPULAR NO BRASIL



A arte popular possui características muito amplas, ou seja, comporta todas as diversidades das manifestações artísticas do povo brasileiro e revela a sabedoria popular. Há exemplo de que dos indígenas, os artesãos herdaram toda a sabedoria do trançado de fibras, no tempo certo da queima da cerâmica e no uso das tintas vegetais e minerais. Dos africanos, os mestres artesãos continuam a produzir esculturas em madeira com aplicações em metal, como fazia na África. Dos artífices portugueses herdaram o trabalho com encaixes de madeiras. A seguir uma parte do breve resgate histórico feito por Percival Tirapeli:

Nos quatro primeiros séculos da cultura Brasileira, os trabalhos de natureza inventiva tiveram influência dos índios, negros e portugueses. Assim, foram construídas as igrejas, e suas interessantes decorações barrocas foram ensinadas especialmente pelos jesuítas. Cada ofício tinha uma confraria à maneira medieval, com seu santo protetor- a dos marceneiros e escultores em madeira, à qual pertencia o Alejadinho, era a de São José. No século XIX, com a vinda dos imigrantes, esse universo inventivo ampliou-se com novas técnicas e materiais de toda espécie. Os italianos colaboraram consideravelmente na fabricação dos móveis artesanais e na ornamentação arquitetônica, ensinados no liceus de artes e ofícios. Os alemães trabalharam com mecanismos, fundições e vidrarias; os japoneses, com dobraduras em papéis, os ucranianos, com delicadas pinturas em ovos de Páscoa, e os açoreanos, com têxteis e rendas. [...] (TIRAPELI,2006, p.24-25).

 Nota-se que a arte popular é a expressão de uma vivência particular de uma coletividade e dessa forma torna-se importante o estudo do processo de comunicação advindos desta temática. Pois é através do resgate de raízes que compreendemos o que já se passou, o que vivemos e aceitamos sem questionamentos. 

Além dos fatos históricos como o processo de organização dos trabalhos e entradas de imigrantes é justo destacar a matéria-prima. Pois, os materiais influenciam diretamente  na caracterização de determinadas regiões é o que define por vezes as manifestações artísticas exclusivas de um lugar, assim, formando as identidades regionais através das pessoas que utilizam a matéria como veículo de expressão.
 No Brasil a madeira, a argila, as fibras e as palhas estão presentes praticamente em toda parte de seu território. Mas no caso do couro, estes são localizados em regiões de agropecuária; as pedras semipreciosas ou pedra-sabão encontram-se nas zonas de mineração, como Minas Gerais; e as areias coloridas, são encontradas nas praias do Nordeste. E todas essas particularidades conferem significados na comunicação final do objeto apresentado e, portanto, a origem transforma o que vemos em algo mais compreensível. Assim, essas origens permanecem acessíveis através de Centros, Museus e também com a ajuda de iniciativas privadas, são alguns: Centro Cultural Dragão do Mar, Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular/ Museu do Folclore Edson Carneiro, Cerâmica do Rio, Instituto Itaú Cultural, Museu Afro Brasil, Museu Casa do Pontal, Museu do ex-voto do Senhor do Bonfim e por último o Museu do Homem do Nordeste.

Esta iniciativa de preservação das contribuições de concepções populares confere ao Brasil um rico material sobre o estado social de sua população em diversos momentos de sua história e inclusive a compreensão do que se vive hoje.

Fonte

BITTAR, Wanessa Dose, O artesanato e suas contribuições para a idenpendência simbólica e para o desenvolvimento sustentável a partir do meio de Folkcomuicação, XIV Conferência Brasileira de Folkcomunicação- "O Artesanato como processo Comunicacional", Juiz de Fora- MG.


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